SÃO PAULO DEBAIXO DE ÁGUA

O dilúvio veio dos céus

esventrou a mãe terra

transformando-a em ilhas

e solos férteis em solos inférteis

Por todo o lado o grito

pungente de pessoas

aterrorizadas entra-nos

pelos ouvidos adentro,

pedem socorro mas

este tarda em aparecer

A chuva cai

descontroladamente

invade as ruas da cidade

e as casas dos pobres

e com ela os parcos

pertences de uma vida

É impossível sair para a rua

a fúria das águas não têm dó

e tudo alagam

desde estradas a meios

de locomoção

Sentem-se perdidas

por onde quer que olhem

só as águas tomam primazia

não há como se deslocarem

com tudo alagado como cogumelos

nascendo aqui e ali

De lembrar que este tempo

já reclamou mais de setenta

vítimas, vergadas ao peso

da água, sem ter por onde escapar

pois tudo é lama e derrocadas

e as cidades estão pejadas de lixo,

não escoando as águas abundantes

Que mais espera a estas pobres

gentes, sem terem nem porquê

resta-lhes rezar aos bons deuses

do Olimpo para que venha de lá a bonança

e se ergam de novo os indivíduos

as árvores, os animais e as casas

que desapareceram para sempre

nas águas malditas…

Olhos tristes lamentando a

terrível destruição… Oh, tragédia!

Jorge Humberto

04/02/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 05/02/2010
Código do texto: T2071243
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