ESTE ESTAR SOZINHO

Não há um espanto um sorriso

sequer que no rosto se mostre

de duvidas e de incertezas vãs

são os meus dias por minha angustia.

Dias que passam sem um único

ruído deixam-me a sós comigo

e no esvoaçar das andorinhas

há uma tristeza que bem vejo.

É vê-las a voar rodopiando a janela

há espera de me ver assim com elas

brincar, mas se há felicidade eu

nunca a vi, sempre um menino triste.

Lá fora já nada existe de concreto

apenas reconheço a escuridão deste

quarto, que me consome, hora a hora

sem que venha de lá um golpe de asa.

Inerte me conheço ser frágil aos demais

que lutou pelos outros nas páginas

manuscritas de um livro de poesias

que me abandonou sem qualquer glória.

E enquanto olho o tecto do quarto escuro

fantasmas vestem-se de inverdades e

ilusões, que me pressupõe ser incoerente

que abandonado se vê para este mundo.

Aonde antes havia riso agora se denota o

choro mais sofrido, de quem sofre em

silêncio todas as atrocidades de mil povos

desgarrados e sem voz que lhes valha.

Absorto em mim a depressão tomou-me

em mãos, recusando-se a largá-las

com medo das desilusões que espreitam

em cada esquina de roupas parcas e sujas.

Porque o que me dói, dói por dentro

não por fora, como se se tivesse esgotado

toda a palavra inovadora e agora me visse

na contingência de um silêncio tão mais profundo

que o grito se fez surdo no focinho da

palavra… e assim abandonado a incerteza

são os meus dias a passar sem que se note

que algures ainda à vida aqui para ser resgatada.

Jorge Humberto

31/01/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 31/01/2010
Código do texto: T2061981
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