Riso e choro num corpo
Para nós poetas, o corpo é riso,
É riso e choro.
Houve um tempo para nós mesmos,
O corpo foi matéria intangível.
Hoje, apenas é riso e choro.
Nossos caminhos,
Nos levam a alegria e tristeza,
Festa e calvário;
Nosso corpo tão fatigado,
Transformam as lembranças afetivas,
No riso e no choro.
Porém, pode ser que para os poetas,
O choro e as lágrimas sejam o unico afeto.
Para a poesia, é quase certo que seja o único.
Já não choramos mais, quando como crianças,
Mal pensamos no choro, os olhos sentem-se a lacrimejar.
De tão chorado e chorão,
O choro poético aceita-se resignado seu destino:
Viver chorando.
Depois de muito volver-se,
Esperanceia o riso, e ri.
Passa então a rir e chorar em torno de tudo.
É quando por fim solta um último riso;
Um chorado riso, pelo último súspiro
Da docemente chorada vida.