LISBOA SEM ENCANTO
Neste mundo onde se cruzam homens
sozinhos, fica-nos o olhar da criança
perguntando-se porque não sorriem
os adultos e porque carecem eles
de suas antigas guerras tribais.
Homens cansados de tantas lutas matam
a solidão num copo de vinho
e altera-se-lhes a voz, que apregoam
como numa cantilena bastas vezes repetida,
seu nome arrastado pela lama.
Não compreende nem entende o menino
porque tem de ser assim, seus heróis
fora de si e alcoolizados, metidos em guerras
triviais.
Homens sem rosto passam na multidão sem
serem
notados estendendo a mão a quem passa.
E o menino ao longe chora baixinho, por não
ver mais Lisboa
mas uma enorme tristeza em seu olhos,
numa rua qualquer antiga da Cidade.
Jorge Humberto
17/10/09