DOS QUE CAMINHAM SEM OLHAR

Meus olhos cegos pela indiferença

dos que caminham sem olhar para os lados,

onde dorme o silêncio e a escuridão

da pobreza, com seus infantes quase nus,

sujos, numa esquina qualquer, de braço

esticado e mão pedinte, aos que passam

apressados, suplicando uma esmola,

um pouco de atenção, roubada desde bem

cedo pelo estigma dos senhores abastados.

Meus olhos tolhidos pelas lágrimas dessas

crianças desafortunadas, repartindo o pouco

que lhes resta com os mais novos, caídos em

prantos de dor, porque a fome é muita e o

cuidado não chega para satisfazer todos,

mais “alimenta” minha repulsa para com as

pessoas, que não têm um golpe de asa,

revoltando-se contra tudo que é inumano,

pondo um sorriso nos lábios destes meninos.

E um imenso nó tolhe minha garganta por

completo, deixando-a seca e áspera e meu dorso

verga-se ante o peso no espanto de quem

nada faz.

Jorge Humberto

04/10/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 05/10/2009
Código do texto: T1849458
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