Inconstância

Inconstante é a minha vida,

A minha lágrima escorrida

Tão duramente parida

Por uma raiva sofrida

Inconstante é o meu alento

Que chega quieto, vai pro canto

Voa, esvai-se com o vento

Me deixa a sós com meu pranto

Inconstante é o meu querer

Paradoxo constante, tão certo

Que me alfineta, sempre por não ter

O que, e quem eu quero por perto.

Inconstante é meu passado

Que mesmo por ter caminhado

Em meu passo lento, cuidado

Me faz sentir todo dia,

Que errei, que estou enganado

Inconstante é meu presente

Que faz meu peito dormente

Bater meu coração de presente

Bater com ritmo de bebum

Baixo como pia o mutum

Ofertando-se barato

Deitando-se em qualquer prato

Fosse então eu, qualquer um

Inconstante é meu futuro

Um rio de inconstância a passar

Um olhar por cima de um muro

E um destino que dá medo olhar

Inconstante é tudo na vida

É a lágrima, é o rio, é o coração

É a chegada, é a partida.

Inconstante é o local da ferida,

Inconstante é a certeza e o perdão.

Inconstante sou eu e o meu sofrer

Inconstantes somos, sofremos.

Inconstante é a felicidade e o prazer

Assim, Inconstantemente, vivemos.