O Ritmo Das Coisas

Os caminhos que sigo

Não sou que os traço

Vou mesmo sem vontade

Nunca me faço

Sempre me desfaço

Fico por aonde vou

E onde chego nunca sou

Sempre fui

Seja qual seja a terra que meu pé pisou

Os meus sonhos

São aves me espionando

Espreitam minha queda

Querem meu corpo dilacerando

Mas eu não sou o meu corpo

Nem meu pensamento sempre outro

Não tenho uma alegria

Se o azul me aparece

De repente se faz nuvens negras

E cobrem a luz do dia

As vezes eu penso

Alem delas, no sol

E queria mesmo habitá-lo

E sublimar a roupa que me cobre

Afim de que pudesse encontrar minha face

Que nunca se mostra

Nem ao espelho me reconheço

Não aceito os sinais do meu rosto

E cada vez que vou ao banheiro

Vejo um estranho me espionando

Questionando-me em silêncio

Como se eu tivesse que saber

O que não sei o quê

As vezes eu saio de casa

Vou ao supermercado do seu Quincas

E compro uns cigarros

Um café, um açúcar

Volto para casa

E tento fazer alguma coisa,

Todavia, a mais bela idéia

Ato continuo se enche de tédio

Olho então para o facão

E ele me abre um caminho

Que ainda sou covarde de mais

Para aceitar.

Ele conversa comigo

Diz ser meu amigo

Penso então em sair um pouco

Mas lá fora as ruas são velhas minhas conhecidas

Passeios noturnos são comuns para um homem como eu

E cada rua já me contou sua estória

Sabe, sinto que a qualquer momento isso tudo tem que acabar.

De toda forma

Deixo aqui meu agradecimento

A quem que seja

Que eu conheça ou não

Na verdade isso não tem a menor importância.

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 11/03/2009
Código do texto: T1481764
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