Sina Ausente

Ao longo do tempo, nas sombras da escuridão

Nos amámos sem qualquer medo, nem razão,

Sendo nós sem essa complicada necessidade

De nos esconder trás os veús da imoralidade

Eu sabia desde o nosso início que Ela já existia

Ainda que nessa nossa realidade erámos um só.

A nossa amizade era a poesia do nosso dia a dia

Que nos mantinha vivos na mais perfeita sintonia

Os dias foram voando e o tempo foi passando,

E com eles, o vento das mudanças aos poucos foi

se infiltrando e criando esta dança dos sentimentos

Donde virámos mendigos errantes e corações carentes

Amantes duma emoção nascida da paixão resgatada,

Longe dos preconceitos, convenções e todos medos,

Somente essa nossa nua simplicidade compartilhada

Nesse nosso mundo donde sempre fomos a pura verdade

E um dia, sem nenhum aviso virámos crua desilusão!

A vaga incertidão encontrou caminho no teu coração

E o nosso mundo faleceu nas cinzas dum sonho

Condenado a ser esquecido nos porões do passado

Lindo amor... á tua vida voltaras com certeza,

Uma vida simples sem emoções e sem complicações,

As tuas defesas reconstruíras e tudo será o certo

Nesse teu mundo que não tem lugar para o meu verso

Mas sabemos que ela nunca irá entender a tua aflição,

Nem compreender o porquê dos teus vãos silêncios

Quando por vezes tudo o que tu meramente queres

É simplesmente tudo esquecer e lentamente desvanecer

Nunca esse teu beijo mais intenso ela irá comunhar,

E jamais estára presente e entenderá a tua vã solidão,

Ela nunca decifrará o segredo que se reflete no teu olhar,

Dividirá a tua cama sim, mas será uma cama vazia sem paixão

Ela hoje ocupa a sua devida posição ao teu lado,

Mas sou eu que tem a chave dourada do teu coração,

Que conhece a emoção que vive nesse teu corpo abandonado,

A tua doce melodia, a uníca que consegue curar a tua sofreguidão

Eu sou o teu sonho... idealizado, perfeito, tanto sonhado,

A boca que jamais beijastes, o coração que jamais sentistes,

O "Te amo" que jamais ouvistes, o rosto que nunca acariciastes,

A tua Sina amada tão esperada, o teu principio e o teu fim

Mas o alento da morte mais uma vez se fez presente entre nós,

Abalando o destino dormente e descartando todo sentimento,

Descuidando a sina na sua ausência por medo de saciar sua fome

E esmagando a alma da vida, uma simples quimera sem essência.

Salomé

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Salomé
Enviado por Salomé em 08/03/2009
Reeditado em 10/03/2009
Código do texto: T1475783
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