A OITAVA FORMA DE ESQUEÇER...
Ele olha para o alto, e novamente vê aquela nuvem negra, que há muito tempo não o assombrava
Prefere deitar-se sobre o velho e guerreiro guarda-chuva de sempre
Percebe que a nuvem não se mexe, continua estatica, porem vomitando raios de absurdos e palavras que produzem fios de lagrimas em seu rosto
Milhões de interrogações surgem em sua pele, ele ainda quieto olha para o lado e tenta alcançar sua lanterna anti-desespero, mas é em vão, então deixa sua mão cair sobre a terra magoada.
A nuvem estatica que vomita raios de absurdo, não o deixa respirar
Ele então pela primeira vez, recusa beber daquilo que o manteve forte e longe de todo esse tempo turvo
Enquanto a tempestade de lagrimas tatuava sua face, questionou-se o motivo pelo qual aceitou aquele convite para o inferno, ergueu a mão esquerda e a cravou em sua mente confusa, tentando retirar alguma resposta, mas so pode colher as milhares de interrogações que presenteavam sua cabeça com aquela maldita enxaqueca
Revoltado, atirou o velho guarda-chuva guerreiro ao vento forte de sua tempestade interna olhou para o céu turvo e soltou um grito secular causado pela dor que o cegava
Implorou para que existisse algum deus com um minimo de poder, que pudesse apagar de sua vida os ultimos momentos em que ele pode sorrir de mãos dadas.
Mas nenhum de seus divinos bibelos se manifestarem sobre a estante.
Tomado de uma furia dolorosa que fazia sua pele romper como se estivesse queimando em chamas, arrancou violentamente de seu peito, um coração embebido em lagrimas onde podia ver o sorriso daquela que o contemplou com uma nuvem negra de saudades
Decidiu enterrar o proprio coração naquela terra irrigada com magoas
Pode então ver a tempestade turva rumando para o leste, deitou-se novamente, era a oitava vez que tentava praticar o esquecimento.
E decidiu que aquele sorriso, seria como se fosse um abridor de latas esquecido na gaveta de um velho armario colonial.