O relógio parado
Na esquina, absorto, fico a meditar,
Perdido em pensamentos fugidios.
Observo o vai e vem dos passos frios,
Enquanto minha vista busca o ar.
Não mais nas terras de áureas palmeares,
Mas em Portugal, longe do torrão,
No tempo me perco em recordação,
E o exílio de Dias sinto aos pares.
No prédio amarelo, um relógio inerte
Marca dez para as três, sem movimento.
Com café e cigarro, observo atento.
Terá o tempo ou eu mesmo se perdido?
Ou juntos congelamos neste intento?
Talvez a saudade o tenha detido.
Belém/PA