JOGRAL DA SAUDADE

JOGRAL DA SAUDADE

 

Tenho esperança de estancar o medo,

Desde quando eu só prego a virtude,

E, às vezes, penso no erro do dedo,

Quando uso, ao apontar uma atitude.

 

Falo isso, pois sei do que trago,

E também sei que eu tenho defeitos,

Com dedo apontado e três recuados,

Além de arma, diz do que sou feito.

 

Se eu acuso ou tanto vocifero,

Deve ser por querer-me oculto,

Como boiada através do inferno,

Ao jogar uma rês para o luto.

 

Esse medo é por nada eu saber,

Se o que sei é nada no tudo,

Pois meu tempo está a vencer,

Se meu corpo é tudo, mas curto.

 

Já pensei em garimpar o tempo,

Mas o vento desgasta até rochas,

E as estrelas não são de cimento,

E também vão calar suas tochas.

 

Vão viver a formar nebulosas,

Com poeira de luz e gametas,

Vão ser meu passado de prosas,

Viajando na cauda dos cometas.

 

Meu dragão será sempre estrelas,

Com o saber de um grão de Universo,

Mas também esse verso há de tê-las,

Pois nelas com Deus eu converso.

 

Nesse plano do último portal,

O meu prazo já tem validade,

Onde Deus faz comigo um jogral,

Mesmo eu sendo só a saudade.