Ampulheta
A vida corrida nos rouba algumas alegrias, tão necessárias. E aquelas esquinas tão lindas, onde nos encontrávamos, para um breve abraço, ficaram para trás, beirando a finitude.
Quisera eu, poder ter mil braços, mil canções, mil poesias, pra destilar todos os dias, o tanto de amor que sufoquei, na eminência de me guardar pra ti. Tolice, guardar o sentimento. A vida é tão breve.
Dada à beleza de recordar os bons momentos vividos, é que me dou conta, de que o tempo que alimenta a ampulheta, é o mesmo que me tira a chance de te reviver.
Ah, esses míseros grãos de areia, que detém a distância entre você e eu, aprisionando o peito em querer e culpa, reprimidos em frascos de saudades, nos matam aos pouquinhos.
A gente se enverga pra tentar recuperar o que se perdeu, mas não adianta. O valor de certas coisas é inegociável. E a chaga do tempo perdido, incurável.
Dor que paira num loop infinito.