VIVER A SAUDADE

VIVER A SAUDADE

 

Eu sou mais um homem cansado,

Mas eu rezo diante o infinito,

Com minha ampulheta ao lado,

E sob a luz do que acredito.

 

Sou o mistério do imaginário,

Desde o momento de colo e seio,

Que me cobra ser um legionário,

Mas só importa ser bom e meio.

 

Eu vi impérios em cada estigma,

Tudo era na lei bruta e insana,

Matavam até sem ter uma briga,

Como desculpas da pax romana.

 

Matar gauleses ou cartagineses,

Esse era o modo viril do poder,

E eu imagino a bomba ser deles,

Se os tiranos também vi morrer.

 

Eu vi o desdém dos imperadores,

Depois do dia que não esqueço,

Que foi Nagasaki entre horrores,

E lá em Hiroshima ainda padeço.

 

As lobas fascistas estão no cio,

Espalhando crias em cada nação,

E que se devoram ou se divorciam,

Da luz que traz paz à escuridão.

 

Temos gente que se acha divino,

E quem não concorda é um pagão,

Pois ditam até o nosso destino,

Mas são da imundice e podridão.

 

Há quem diga querer liberdade,

Matando gente por causa da fé,

Mas se existe cristão de verdade,

Eu vivo a saudade de um São José.