SONHOS NO SILÊNCIO

SONHOS NO SILÊNCIO

 

Os sonhos só me vêm no silêncio,

E quando só, chegam em pesadelos,

Mas numa conversa acendo um incenso,

Pois tudo é caro ao toque dos dedos.

 

Eu busco incontinenti a minha calma,

No cheiro de essências, raízes e flores,

Enquanto me lembro de ter uma alma,

No brilho das luzes e as suas cores.

 

Será que na guerra terei a quietude,

Pois em cada batalha há medo da morte,

E logo verei só o fim da virtude,

Porque não fugiu, à espera da sorte.

 

Muitas vezes eu penso em andar só,

Pois má companhia nunca é benvinda,

Porque não é górdio o nome do nó,

Nem traz glória à vida que finda.

 

O meu sorriso, já foi a mil anos,

Pois lá eu vivi longe de Torquemada,

Mas o sonho que vi, era em altiplanos,

E a sombra dormia na borda escarpada.

 

O que o tempo ainda não conseguiu,

Foi derrotar a ganância e o ódio,

Como estátua que não se esculpiu,

Enquanto o vento foi pródigo.

 

Saudades me chegam em vendavais,

Por ver que haviam florestas e paz,

Porquanto agora não há mais jornais,

E nem o meu barco sossega no cais.

 

Mas essa verdade parece sem fim,

Como um pesadelo que não silencia,

Enquanto eu ouço um eco em mim,

De tanto querer fundear na baía.