FLORES NA VARANDA
Há tanto que não escrevo
sobre as flores do teu berço
plantadas na minha varanda.
Sobre a saudade fina e branda
das lindas cantigas de ciranda
rezadas sobre o teu velho terço.
Às vezes até me perco
quando as águas do igapó
inundam o solo da vargem
em seu ciclo de passagem
criando brumas da tua imagem
numa trama de cipó.
Talvez tenha adormecido
– esquecido de minha infância –
da rua onde o Boi de Terreiro
revestido de sincretismo guerreiro
dançava no chão barreiro
sob aplausos da vizinhança.
Mas hoje, o sino da igreja,
– daquela igreja que me viu menino –
ousou tilintar as lembranças
guardadas no coração de criança:
seis badaladas de esperança
a soar como hino...
(Lembranças madrugais de minha Fonte Boa, querida!)