FLORES NA VARANDA

Há tanto que não escrevo

sobre as flores do teu berço

plantadas na minha varanda.

Sobre a saudade fina e branda

das lindas cantigas de ciranda

rezadas sobre o teu velho terço.

Às vezes até me perco

quando as águas do igapó

inundam o solo da vargem

em seu ciclo de passagem

criando brumas da tua imagem

numa trama de cipó.

Talvez tenha adormecido

– esquecido de minha infância –

da rua onde o Boi de Terreiro

revestido de sincretismo guerreiro

dançava no chão barreiro

sob aplausos da vizinhança.

Mas hoje, o sino da igreja,

– daquela igreja que me viu menino –

ousou tilintar as lembranças

guardadas no coração de criança:

seis badaladas de esperança

a soar como hino...

(Lembranças madrugais de minha Fonte Boa, querida!)

Eylan Lins
Enviado por Eylan Lins em 04/02/2022
Reeditado em 24/01/2024
Código do texto: T7444691
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