Saudade
Se vai no adeus da cidade sem Deus,
Sem anjos e sem nenhum enfeite.
Carrega consigo sonhos que foram meus
E eu fico pra trás, assim de repente.
Me coça a cabeça, me agita a memória,
E o braço dormente me bate na mente.
Me bato tanto, socando essa história...
Nocaute, de um coração já carente!
Se te vi, perdi, se lhe tive? Eu não sei
Mas, agora já não sei mais qual é
O mundo em que vivo e tudo que amei
Se desfez junto ao nosso cabaré.
Na cama pulante, em que éramos amantes
Agora é um palco onde dançam verdades.
Antes tava perto, agora estás distante
Me deixando um cômodo pela metade.
Eu faço de conta, desfaço os instantes...
Espremendo o suco dessa realidade.
Esforçando-me tanto, e suando bastante.
Encharcando a cama, suando saudades.