AS COXAS DO GALO

AS COXAS DO GALO

Seriam manhãs de domingo,
E tudo que havia era um galo,
Pois sonhos só tenho dormindo,
Se à noite pensei num regalo.

Em todos finais de semana,
Da minha infância querida,
Lembranças é o que emana,
Saudades do estilo de vida.

Não tinha TV nem teatro,
Pois pobre só usava a janela,
De onde via a briga do galo,
Antes de entrar na panela.

Suspiros haviam na rádio-novela,
Deitados no chão de esteiras,
E o mingau com cravo e canela,
Comia olhando as estrelas.

E cada varanda era um campo,
Nas casas com terreno grande,
No tempo de escada e barranco,
Com carroça e o boi adiante.

Não tinha cerveja na mesa,
Somente cachaça e garapa,
E a reza de Santa Tereza,
Senão a tristeza é que mata.

E assim chegava os domingos,
Mas nosso manjar era o galo,
E as coxas eram dos meninos,
Para me alegrar do que falo.

🍗🐓🍗