NUM POÇO DE SAUDADES

De tal forma que eu não consigo combatê-la, a saudade inoculou-se em mim.

Intempestivas e em vão foram as minhas rogativas de perdão, após uma desgastante altercação sem um motivo justificável.

Magoei quem não devia jamais ter magoado e agora sofro as duras penas impostas pela minha própria consciência. Arrependimento tem prazo de validade.

Hoje, afundado até o pescoço num poço de saudades, lamento aquele momento de intemperança e de descompasso mental, quando aceitei que ela podia ir-se sem sequer olhar pra trás.

A saudade não mata a gente, mas faz um estrago danado no nosso coração e na nossa alma.

Principalmente quando as causas são nossas e o causador somos nós.

Ainda que seja otimista, pensando como um pessimista e mesmo assumindo a culpa é melhor viver com a saudade, adaptar-se a ela do que morrer de tédio.