A CALÇADA

Na calçada há tanto pisada,

Os rastros e marcas passadas

De delícias represadas,

Remetem os corações

De maturidade agastada,

Aos sonhos da inocência,

Das primícias e das fábulas!

Acompanha a minha calçada

De pisares, desgastada,

Sua fiel companheira:

A sarjeta fria e sólida...,

Das multidões, ignorada!

Suporta ingratas procelas,

Supera o tristonho invernar!

Abraça o sol que lhe abrasa

Ou a chuva a deslizar...

Não contenho cálidas lágrimas

Quando me ponho a pensar

No primaverar de madrigais,

Nos jogos de botões

E rabiscos na calçada...

Alegrias sem iguais!

Pisando nesta calçada

De malmequer desfolhado:

Tenho o coração pranteado,

E a alma despedaçada

De saudades afloradas.

Antenor Rosalino
Enviado por Antenor Rosalino em 20/09/2020
Código do texto: T7067780
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