Trem
vazio oco frio
mergulha profundo
vertiginosamente
nos trilhos da ponte submersa
no abismo em mim
Preciso necessito
amenizar saudades
dos momentos
que não vivi
jogo de idéias
que sequer sonhei
a textura de fruta madura
que sequer toquei
Os lábios enigmáticos
dos homens
que pela minha vida
não passaram
rememorar
lágrimas alcalinas
de todas as meninas
que poderia ter sido
e optei em não ser
saudades dos sons
nos marfins dos pianos
não dedilhados
pelos dedos meus
as pautas, os acordes musicais
que não compus
para a serenata
debaixo da janela que não abri
da poesia
que pensei
refiz repensei
e não escrevi
no papel
que amassei
se foi...
barco azul
novo rumo
a aportar
em novo branco horizonte
nas listras azuis
do pijama
que nunca usei.