Entre sentir saudade e sentir falta
Sentir saudade é poesia
É feliz melancolia
É lembrar do raiar do dia
Numa memória em cantoria
Sentir falta é um estrago
É um fardo bem pesado
É coração despedaçado
Que jorra sangue amargurado
A falta me contamina
Me destoa do presente
Essa que me domina
Me dilacera de contente
Por rir da minha desgraça
Da minha doce euforia
Que sabe que um dia
Não haverá dor que se desfaça
Nesse meu mar de ilusões
Que me protegem assim tão cego
Das terríveis tentações
Escondidas do meu ego
Assim escolho a saudade
Que não age por maldade
E tem a simplicidade
De um sonho de liberdade
De viver as maravilhas
Desse eterno descompasso
Existente nas armadilhas
Do tempo e do espaço