Das histórias da varanda: o vento
O vento de todas as manhãs
anda mais para brisa
suave, desapercebida...
e os pardais (sempre tão vivos)
em rasantes desfilam
mas sem fazer muito burburinho
Já o brilhantismo de Cecília
anda dizendo, até fora do livro
em 12 cantos que noturnam a vida
o quanto que é poetisa
Sofro o porquê da casa, agora tão imensa
em seu profundo vazio, pensa
que já não seja tão ninho
O quintal está morno
sem contorno, todo sentimento...
A casa fechada
guarda empoeirada, o vento
O cão late o seu uivo em forma de canto
Os gatos tão espertos, já não miam tanto
e o tempo, indiferente a vida,
abocanha o tudo em mordidas
e só a frente, se adianta
Não é aparente
o vento de todas as manhãs...
talvez só queira agora acarinhar as plantas
O vento de todas as manhãs
não espalha folhas, muito menos a dor...
quase que nem se sente o seu sopro
É como a presença tão cuidadosa
do espinho que não fere a rosa
mas que espeta o invasor
por não estar morto
Vento, vento... de todas manhãs
entra pelas frestas que encontra
em seus momentos monta moinhos
Eu, compondo histórias da varanda
vejo a rua que tanto anda
e se perde na demanda do mundo
Meus olhos com muito mais sono
acordam cansados do abandono
para o novo dia...
e os pardais, mesmo quietos
piam que é sempre perto
um voo para a alegria
porém, sozinho
não decolo nem por um segundo
15-07-2019
10h08min
Referência:
Doze Noturnos da Holanda e Outros Poemas é um livro clássico da poetisa Cecília Meireles
O vento de todas as manhãs
anda mais para brisa
suave, desapercebida...
e os pardais (sempre tão vivos)
em rasantes desfilam
mas sem fazer muito burburinho
Já o brilhantismo de Cecília
anda dizendo, até fora do livro
em 12 cantos que noturnam a vida
o quanto que é poetisa
Sofro o porquê da casa, agora tão imensa
em seu profundo vazio, pensa
que já não seja tão ninho
O quintal está morno
sem contorno, todo sentimento...
A casa fechada
guarda empoeirada, o vento
O cão late o seu uivo em forma de canto
Os gatos tão espertos, já não miam tanto
e o tempo, indiferente a vida,
abocanha o tudo em mordidas
e só a frente, se adianta
Não é aparente
o vento de todas as manhãs...
talvez só queira agora acarinhar as plantas
O vento de todas as manhãs
não espalha folhas, muito menos a dor...
quase que nem se sente o seu sopro
É como a presença tão cuidadosa
do espinho que não fere a rosa
mas que espeta o invasor
por não estar morto
Vento, vento... de todas manhãs
entra pelas frestas que encontra
em seus momentos monta moinhos
Eu, compondo histórias da varanda
vejo a rua que tanto anda
e se perde na demanda do mundo
Meus olhos com muito mais sono
acordam cansados do abandono
para o novo dia...
e os pardais, mesmo quietos
piam que é sempre perto
um voo para a alegria
porém, sozinho
não decolo nem por um segundo
15-07-2019
10h08min
Referência:
Doze Noturnos da Holanda e Outros Poemas é um livro clássico da poetisa Cecília Meireles