O sol nascia às 11

O sol nascia às 11

Todas as manhãs

Eu olhava para o telefone

Esperando a mensagem dela de bom dia

Era a melhor parte para ela

Quando seu grande amor despertava às 11

Às 11 para ela

Às 5 para mim

Por muitas vezes

Ela me presenteava com seus vídeos

Contando como foi seu dia

O trabalho da faculdade

O professor que ela odiava

Sobre visitar suas amigas

E sempre terminava com um tímido

''Eu te amo''

O dia começava às 5 para mim

Jamais acordava com sono

Pois o sol estava comigo

Nada importava mais

Sempre revia os vídeos

Nunca enjoava

Porém

Hoje

O sol nasce às 8

Já não sei para ela

Mas para mim

O destino é amargo

E o amor doce

A saudade azeda

A dor salgada

A única que coisa que resta

São as memórias de belos dias chuvosos

Em que nos ligávamos

Falávamos por horas

Apresentava minhas ruas

Registrava alguns momentos

Com a câmera ruim do celular

Mas nada disso importava

O que importava era ela gostar

''Essa é minha escolha''

A sua última mensagem

''Adeus''

Foi a minha

O destino é um número desconhecido no telefone

Você nunca sabe o que querem e quem é

Ele não pergunta

Ele não responde

O sol nascia às 11

Assim costumava ser

O que era

Não é mais o que é

A luz entrava pelas janelas

E meu rosto queima

Os olhos abrem levemente

E percebo que não há mais com quem falar

O sol nasce às 9 agora

Me levanto

Dou bom dia para meus pais

Faço carinho no meu cachorro

E preparo o meu dia

Quando abro a gaveta

Olho uma carta

A carta que ele me mandou

Eu não tenho coragem de queima-la

Porém, nem de tirá-la de lá

Não abro essa gaveta nunca mais

O coração aperta

O amargo vem

O que é ,o que é?

O homem não pode fazer

É salgada

E pesa uma tonelada

O sol nasceu às 10

Cada dia mais afundando no amor corrompido

O que a distância consegue fazer com um amor puro

Talvez não puro, talvez inocente

Talvez tudo fosse um conto de fadas

Talvez

Eu tenha sido o bobo aqui

O sol nasce às 11

Desta vez, para mim

Hoje é dia de seguir

Seguir em rumo

Para onde?

A esmo?

''Eu não posso mais''

Foi duro de ler

Senti o frio de que ela tanto falava do país dela

Senti nessas palavras

''Eu respeito sua decisão''

Foi a penúltima coisa que disse antes do ''adeus''

Hoje

O sol nasceu retangular

Para mim

Que estava deitado de lado na cama

Com as janelas semi abertas

Pergunto-me se o amor há de existir

Depois de uma grande partida

Com o coração em pedaços

A alma partida

''Calma, tudo ficará bem''

Diz a mente

Neste momento

O sol já deixa de ser meu marcador

E passa a ser minha esperança

De encontrar um novo amor

Para que eu possa colocar no meu despertador

Quero acordar junto com o sol

Para que assim

Sejamos um

Um mais um vez

Mas desta vez

Será às 8

Pedro La Vieira
Enviado por Pedro La Vieira em 19/05/2019
Reeditado em 19/06/2019
Código do texto: T6651175
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