Fruta Proibida_Ressurreição Poética n° 35

Da Série: RESSURREIÇÃO POÉTICA

POESIAS ANTIGAS

[Veja a contextualização desta série na poesia n° 01]

Fruta Proibida

Sua face marcada na minha lembrança

Permanece a me vivenciar

Como uma barulhenta e buliçosa criança

Corrompendo meu silenciar

Seu semblante tão angelical

Rouba todos meus adjetivos

Substitui meus substantivos

E transforma-os em tua imagem

Esculpida pelo cinzel da saudade

Para além do limite normal

Seu espírito indefeso

Desarma todas as minhas fortalezas

Tornando-me suscetível às suas paixões

Fazendo-me cativo das suas certezas

Mais do que um preso

Sinto-me refém dos seus amores

Carrego comigo as minhas flores

Para além da primavera, todas estações

Sua alma incandescente

Ofusca todos meus olhares

Congela todos meus falares

Pois sabes que na hipnose deste doce martírio

Entorpeço-me na profundidade deste seu delírio

De corpo, alma e mente

Sua presença agora distante

Enlouquece todo meu agir

Como posso eu não sentir

No peito solitário, amante

O seu poderoso elixir?

Sua ausência persistente

Embriaga diariamente as emoções

Tempestade resistente

Que me devasta como as monções

Mas mesmo assim nada disso me abala

Pois sei que o meu desejo não se cala

Sei que atrás desta do sofrer, ditadura,

Há um doce enigma, uma poesia pura

Para minh’alma declamar

Dose afrodisíaca de amor

Um doce e delicioso sabor

De uma fruta proibida

Que tento descarnar.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

14 de dezembro de 1983

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 12/07/2018
Reeditado em 13/07/2018
Código do texto: T6387952
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