Angélica

Angélica

(Este poema foi escrito em 13 de maio, dia das mães. Abre-se uma porta e as janelas para uma homenagem a todas elas, de vida vívida, vincenda ou vencida, não importa, todos os dias serão eterna e merecidamente delas).

Lá se vão uma dúzia de anos

Desde que em primeiro lugar

A lembrança dela se colocou

Dentre acertos e enganos

E inacabados acalantos

A saudade veio se instalar.

E nunca mais silenciou.

Algo que transcende a idade,

A mortalidade

Que sufoca e aperta

Toda vez que a dor é certa

E me acerta

No peito

De um jeito

Muito insano, louco

Como um grito rouco

Sem forças para gritar.

Sem vento para ecoar.

E numa data festiva,

Como essa,

Na estiva

Do porto, do cais,

Na celebração

Quando a tarde vai,

A lágrima cai.

Há muito ela não responde mais

A promessa

A carta, a missiva

Do meu coração.

Portanto, fiquem em paz

O tempo nos refaz,

Queridas mães.

Da dor, ele nos dopa.

Para os seus filhos,

A vida também galopa

E nos traz as suas cãs.

Enquanto não chega a hora

Do encontro

Entre suspiros, um pouco de pranto

Aceita essa homenagem aí do além

Acolhe com carinho o réquiem

Feito agora

Erradio andarilho,

Que se eleva e que chora,

Pelos versos do seu filho.

Do repouso eterno

Do descanso etéreo

Na companhia dos seus

Entre anjos e seu Deus

Espera-me chegar

Meus sonhos

Já transitam em outras esferas

Oníricas atmosferas

Aguardando o dia

A data feérica

De poder te encontrar

Minha divina mãe,

Minha sublime Angélica.

À minha mãe, Maria Angélica, in memoriam

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

13 de maio de 2018

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 27/05/2018
Reeditado em 31/05/2018
Código do texto: T6347637
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