Abandono
Abandono
Ficas com as metades do meu coração:
Uma para enchê-la de saudade quando partires
Outra para soterrá-la de desilusão quando não retornares
Mas o fazes no vazio das horas
Deixa-me apenas em companhia da dúvida
Pois ela é irmã da esperança
E mãe do medo
Não construas castelos sobre os meus sonhos
Em vez disso, acalenta-os com falsas promessas
Pois minhas fraquezas já são por demais fortes
Para que me contente apenas com a tua ausência
Deixa-me sonhar o sonho dos tolos
Porque a indigência é muita
E a migalha desta hora
Se faz mais urgente que o banquete incerto
Portanto, despede-te invisível
Deixando-me apenas as interrogações necessárias
Pois o silêncio já brame,
As palavras se decompõem
E o teto do abandono
Goteja lágrimas de adeus.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
Maio/2018