Tragam-me os sonhos de ontem
Dos tempos aveludados das rosas
Dos beijos de maçã e canela
Das paragens de aquarela
Dos poemas gentis de amor.
Tragam-me aquele toque perene
Doce e levíssimo ao tatuar-me a alma
Tardes de maresia e calma
Ondas a morrerem no Miramar
Ternuras e afãs de uma vida menina ainda...
Tragam-me o instante perfeito
O ar denso e rarefeito
O pousar no amante, o peito
A mão à acariciar os cabelos
Ternuras, gentilezas, desvelos...
Tudo tão perdido nas brumas do passado
Mas se não podem me trazer o ontem
Ficarei aqui com a caneta em riste
Ainda que só, e triste
Buscando a palavra para trançar meu verso
Universo que ainda retenho...
Porque o ontem não volta
Não volta
Então que o poema jamais se vá!