Minha infância no sertão
Quando eu tinha dez anos
Eu, como uma inocente menina
Fui com uma prima, dona de salina
A um lugar bem afastado da cidade
Passar com ela um final de semana
Correr pela rica e exuberante savana
Viver e sentir a verdadeira felicidade
Encantei-me e não esqueço jamais
Uma casa simples, área por todos os lados
Vários pés de coqueiros plantados
Em meio à enorme vegetação
Em frente, pequenos morros de sal
Mais parecia obra do artesanal
Sentindo o belo luar do sertão
Por horas fiquei olhando aquela beleza
Que não se via em outro lugar
Com o som das temidas ondas do mar
Paisagem linda que jamais esqueci
A luz brilhante refletindo no sal
De longe se via a obra divina e magistral
Primorosos mananciais encontrados ali
Convivi em sítios, vi animais nascerem
Subi em pés de cajueiros e mangueiras
Pulei feliz por entre arbustos e palmeiras
Algo que não me poderia faltar
Os pássaros cantavam alegremente
Alguns com canto estridente
Tudo de belo havia naquele lugar
Goiamuns, caranguejos vermelhos e azuis
Passeavam sobre os sais empilhados
Os que observavam ficavam admirados
Com aquela maravilha marcada no chão
Saudades daquelas horas magníficas
Minha infância se fez das mais ricas
Saudades do luar do sertão.