CANOEIRO DE SONHOS

A cada ramada que dei

Plantei neste imenso rio

Meus sonhos de criança

As margens do Cajaraí

Colhi os frutos do tempo

Maduros na solidão!

Na aldeia do Jurimáguas

O velho Pajé curou-me

Com o ritual da pajelança

Deixei para traz os medos

E os lenços de amargura

Derramados na escuridão

Nas espumas do rebojo

Murmurejei os segredos

Guardados na lembrança

A frente do vistoso barranco

Uma revoada de arirambas

Saldava o sol deste chão

Da torre da Igreja ouvia-se

Um imenso girassol de sinos

Cantando a velha esperança

A cidade que o rio tragou

Ainda vive dentro de mim

Vestida de imensidão

Ao surgir à luz primeira

Sobre a bruma que me vela

A ti me unirei em aliança

E sob teus capinzais floridos

Libertar-me-ei dos grilhões

De toda minha sofreguidão!

Eylan Lins
Enviado por Eylan Lins em 05/04/2017
Reeditado em 05/04/2017
Código do texto: T5962259
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