Uma luz cintilando na sombra

Ainda menino, empunhando as baquetas da lida

Rufaram disformes os zabumbares da razão

Dissonantes sentimentos de lei infringida

Traçou-se um destino nas linhas tortas da mão

O brilho nos olhos pela paixão revelada

Tomaram garupa no longo traçado da vida

Na relva, no pasto e na beira da estrada

Tudo toma sentido em tua pseudo partida

Na face da serra teu amor incompreendido

Um adeus entoado num choro entalado

O torrão na distância e o regresso prometido

Ressurge apressado de olhar ainda embotado

Retoma as léguas tiranas de um destino sofrido

Que engatinhadas a pau, lapidaram tua inspiração

Agora és vaqueiro do próprio povo aguerrido

Os iguais de outrora apartados no coração

És agora empreendedor, visionário e iludido

Ainda incompreendido em tua jornada singular

Acumulou tua maior riqueza, agora és pai e marido

Restou na busca da felicidade a reconstrução do lar

Nenhum lugar incomum sombreará teu sentido

De homem apaixonado e retorcida visão

Enxergar onde nada havia o templo para os amigos

Dá-se assim início à temporada de “re-união”

O prenúncio da boa nova na copa enverdecida

Numa árvore frondosa repousa o amor derradeiro.

As baquetas de outrora agora rufam enlouquecidas

Em gratidão ao entusiasta com alma de forrozeiro

Anos a fio seguirão e a cada calor setembrino

Corações apertados lembrarão um amor verdadeiro

Celebrarão em Charles Rosa Felix o coração de menino

Que jaz para sempre guardião da Sombra do Juazeiro

Carlos Roberto Felix Viana

Em memória ao tio, amigo, inspiração...

Que precocemente deixou a família e uma legião de amigos,

Charles Felix

CarlosViana
Enviado por CarlosViana em 09/09/2016
Reeditado em 20/09/2016
Código do texto: T5755421
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