SAUDADE DA MINHA TERRA
Ah! Que saudade da minha terra querida
Onde a vida é vivida por igual
Lá rico, pobre, preto, branco ou mulato
Comem em um prato e não enxergam nenhum mal
Lá todo o homem tem visão de igualdade
Quer na cidade quer no campo é sempre assim
Lá tanto faz morar em um rico palácio
Como num pátio ou numa casa de capim
Ah! Que saudade da aurora da minha vida
Vida sofrida mas divertida demais
Dos meus namoros com as filhas dos vizinhos
E dos ranchinhos que construi com meu pai
Das brincadeiras simples despretensiosas
Como as rosas que enfeitam um jardim
Sinto saudade dos meus banhos de riachos
E dos abraços que as meninas davam em mim
Ah! Que saudade da minha humilde morada
Feita de táipa rodeada de jasmim
Dentro da sala o meu rádio canarinho
E em meu quartinho colchonete de capim
Lá na cozinha o fogareiro sempre aceso
Dois candeeiros para a noite clarear
Meu pai em prosa e mamãe cantando rima
E as meninas no terraço à paquerar
Ah! Que saudade do meu pé de cajueiro
Do umbuzeiro onde canta o Sabiá
É que o seu canto encanta o canto de quem canta
Os daqui cantam mas não são como os de lá
O Sabiá que anuncia a alvorada
Na liberdade de ter asas pra voar
Cortando a brisa com o seu canto que encanta
Te quem não canta tem vontade de cantar
Aqui a vida é bastante diferente
Aqui a gente não desfruta liberdade
Sinto vontade de voltar pra minha terra
Lá não há guerras lá só existe amizade
Meu coração vive a palpitar no peito
Fico sem jeito mas falo sem vaidade
Não sei viver em outra terra e desse modo
Ou volto logo ou eu morro de saudade!!!