LEMBRANÇAS
LEMBRANÇAS
... Quando eu era molecote,
- Lembro-me -
E alguma graça fazia,
Minha avó (Que Deus a tenha!)
Assim dizia:
- Deixe de pantomima, menino...
Procure o que fazer!
Era um moleque franzino,
Fazendo mesuras pra ela.
Tinha cabelos lisos,
topete na testa,
e atiçando mais lenha
nas graças que fazia!
Então, ela repetia:
“-Deixe de pantomima...”
Até na repreensão,
era uma Doce Avozinha!
E a noite,
Sua mão pequenina
Gesticulava como bênção!
Após o limite da cerca,
- Bem nos fundos do quintal -,
Havia a linha férrea
E por ela deslizava
Horripilante dragão!
Tinha apito estridente;
chiava feito animal
doente,
e por sua narina empinada
Vazava vapor e fumaça;
Dava até medo de olhar
quando o bicho, apressado,
passava rumo
da estação.
“- Êttta trem bonito!”
Por ser demais curioso,
Eu queria vê-lo de perto.
E minha pobre avozinha,
- Sem ocultar os desvelos,
De coração apertado
Ralhava:
- Menino,
Não quero que vás para lá,
É perigoso... Já te falei!
Dizia de dedo em riste,
Tentando passar-me seus medos.
- Mas vovó... Eu contestava -
Isso me deixa feliz... Eu tenho muito cuidado!
Seu olhar reprovador
Desmanchava-se num sorriso,
Tão igual ao do retrato,
Eternizado em minha sala.
E eu,
Aproveitando o motivo,
Fazia-lhe outra graça.
Era o momento afetivo
De ouvi-la então dizer:
- Deixe de pantomima...
Não tens o que fazer?
= = = = =
Solano Brum
Lumiar, Dist N Friburgo – RJ – 5 Mar 003
Aimorés – MG - 1953” Essa Senhora, fornecia no ano referido, refeições para os presos, na chamada Cadeia Pública, daquela Cidade. Seu nome era Maria Brum. Para as pessoas mais intimas, Dona Cotinha. Para os netos, Vovó Cota.
LEMBRANÇAS
... Quando eu era molecote,
- Lembro-me -
E alguma graça fazia,
Minha avó (Que Deus a tenha!)
Assim dizia:
- Deixe de pantomima, menino...
Procure o que fazer!
Era um moleque franzino,
Fazendo mesuras pra ela.
Tinha cabelos lisos,
topete na testa,
e atiçando mais lenha
nas graças que fazia!
Então, ela repetia:
“-Deixe de pantomima...”
Até na repreensão,
era uma Doce Avozinha!
E a noite,
Sua mão pequenina
Gesticulava como bênção!
Após o limite da cerca,
- Bem nos fundos do quintal -,
Havia a linha férrea
E por ela deslizava
Horripilante dragão!
Tinha apito estridente;
chiava feito animal
doente,
e por sua narina empinada
Vazava vapor e fumaça;
Dava até medo de olhar
quando o bicho, apressado,
passava rumo
da estação.
“- Êttta trem bonito!”
Por ser demais curioso,
Eu queria vê-lo de perto.
E minha pobre avozinha,
- Sem ocultar os desvelos,
De coração apertado
Ralhava:
- Menino,
Não quero que vás para lá,
É perigoso... Já te falei!
Dizia de dedo em riste,
Tentando passar-me seus medos.
- Mas vovó... Eu contestava -
Isso me deixa feliz... Eu tenho muito cuidado!
Seu olhar reprovador
Desmanchava-se num sorriso,
Tão igual ao do retrato,
Eternizado em minha sala.
E eu,
Aproveitando o motivo,
Fazia-lhe outra graça.
Era o momento afetivo
De ouvi-la então dizer:
- Deixe de pantomima...
Não tens o que fazer?
= = = = =
Solano Brum
Lumiar, Dist N Friburgo – RJ – 5 Mar 003
Aimorés – MG - 1953” Essa Senhora, fornecia no ano referido, refeições para os presos, na chamada Cadeia Pública, daquela Cidade. Seu nome era Maria Brum. Para as pessoas mais intimas, Dona Cotinha. Para os netos, Vovó Cota.