Foto: Feitosa dos Santos

Retalhos da vida
 

Marejam os olhos com lágrimas,
Quando me pego a pensar,
Da minha esplendida terra,
De quando eu saí de lá.

Do verde escuro das matas,
Das águas a murmurar nas cascatas,
No ribeirão despejar.

Das colinas verdejantes,
A passarada a cantar,
Do lajedo onde eu sentava,
Para seus cantos escutar.

Meu pensamento vagueia,
Sob o céu azul de anil,
Vendo as nuvens que passavam,
Lindos desenhos formavam
Indo de março a abril.

Havia alguns cajueiros, 
Onde as cigarras cantavam,
No baixio, arroz e canavial,
Os meus olhos alcançavam,
Nas ladeiras pouco íngremes,
Verde claro o bananal.

Dos amigos que ficaram,
Gente amiga, gente boa,
Os repentistas de proa,
E destes eu me lembro bem.

Da fumaça expelida pelo trem,
Quando os aclives subiam,
A noite as luzes reluziam,
De dia o comboio serpenteia,
Entre as brenhas e ribanceiras.

Recordações que não morrem,
Permanecem na memória,
Da criancice a infância,
Da juventude de glória,
Revolvo a reminiscência,
Transcrevendo para a história.

Rio, 10/12/2014
Feitosa dos santos