Saudade Marginal
Maior que uma saudade cotidiana
É a falta daquilo que jamais se provou
Porque vem com um gosto meio amargo
De oportunidade perdida
E de esperança cega e fugaz e triste…
Por não se saber o fim da história.
Tudo é como um sonho,
Uma lembrança mal resolvida,
Um lapso de memória.
E qualquer desejo mais nu
Ou segredo mais branco
É como um sopro de vida numa tarde fria de inverno.
Chega mansamente a grande dor, a pioneira
_Saudade marginal_
A mais pura,
A mais louca,
A mais verossímil,
Incrustada na tênue ilusão que nos guia
Por uma estrada tortuosa,
Sem volta,
Sem fim.
E ela vem com uma esperança revestida da mais insana poesia,
O que traduz bem meu momento perfeito
Da mais fria lembrança,
Do mais estranho arremedo de amor
E me põe enternecida a beber madrugadas
E me enfurnar nos dias
Nessa busca irremediável de mim…
E de ti.