Eu queria ser a mesma todos os dias...
Rir das desventuras _inevitáveis companheiras_
Posar pra essa vida
Sem medo das ilusões que nos chegam, cedo ou tarde...
Eu trago gravado em algum lugar da memória
A dor de ter amado enormemente;
Eu trago no peito uma marca
Que me faz alheia, incrédula.
Bebo as manhãs sofregamente,
Arranho os dias feito gata no cio
E sem me aprofundar muito em sua essência
Largo meio mundo para tras.
Na boca,
O gosto do último beijo;
No coração, um fiasco como última lembrança.
Alguém sorveu minha alma
_O que me fez errante_
E feito ébrio
Recito tonta e irracional,
As palavras de desamor
Que me escapam, aos borbotões.
Alguém me tomou a Poesia
E hoje sou alma indomada
Que nada espera,
Não busca nada;
Só vê, inerte,
Esse fel escorrer do coração.
Alciania de Almeida