Sua Saudade
Sua Saudade
Recombino-me, me reconstruo,
No sonho que nunca existiu,
Vou olhando você, crescendo de longe,
Como flor que sempre fora.
Foge para lados distantes,
E de erro em erro,
Se orgulha da força que ganha.
Cresce logo pequeno botão,
Que como rosa, só vai trazer mais paixão.
Vou me lembrando de noites a fio, cuidando de rara semente,
Que outrora, nunca foi vista por tanta gente,
E agora chora orvalhos,
Que o pranto mandou colher.
E foi crescendo até ser o que é,
E com medo ainda,
Continua sendo doce botão,
Que de semente, só guardou o coração.
Só mostra tua rosa verdadeira a quem mais lhe agrada,
Atraindo marinheiros de amores em alto mar,
Como sereia voraz, canibal de sangue e corpos inteiros,
Que não sabe viver de metades.
Rosa marinha, que vive amargurada,
Resolveu crescer e virar mulher amada,
Corre em campos verdes, que florescem com o mar de céu azul,
Vou te vendo, crescendo, devorando um por um,
Menos o gigante azul, que em sonhos de saudade te possuia.
E agora que acordou pra vida, só se desanima.
Heroina de sonhos de fadas,
Dentro de suas flores sempre mal amadas,
Escrevente da propria história,
Foi escrevendo tanto que cansou,
E agora que desamou, a rosa resolveu desabrochar,
Acordou pra vida mais uma vez,
E girou no seu calcanhar,
Apanhou uma presa, e como sereia maldita a dilacerou,
Arrancou o coração e o abandonou,
Da sua forma mais cruel,
Não deixou tomar escolhas,
E largou seu corpo na beira do mar,
Foi salvo por uma cegonha,
Que logo fugiu com sua comida para longe do mar.
Pequeno botão que virou rosa,
Que sereia virou, murchou e agora aflorou,
Olhou pro mar de ceu azul,
E finalmente deixou suas pétalas voarem,
Voou para longe, e agora não quer mais saber de praia e nem de mar,
Fica só de longe vendo, o mundo que costumava assustar,
E agora acostumando,
Resolve ir parar em outro lugar.