Soletrando Saudade


Em cada curva da estrada.
O mistério escondido,
Nos olhos cheios de infinito,
Envolvente de paz,
Nas amuradas verdes das encostas da vida,
Sombreando a amiga folhagem da estrada,
Acordes imortais,
De notas de música,
Na pauta dos caminhos,
Tal como pássaros,
Que abandonaram os ninhos.

Ao abrir os olhos,
Já os encontrei espiando,
Aves apressadas nas janelas.
Soprados na marcha do tempo.
Isso é vida passada,
Uma miragem,
Que paira nos sentidos,
À margem do destino,
Distraído,
E na alma cansada,
Sem mácula, trazendo do fundo de si mesma
A própria vida a perpetuar a beleza do Amor.


Repito todo dia e sempre a mesma viagem.
São os mesmos lábios chamando,
Tuas mãos, gestos de gaivotas, bailando,
Gotas suspensas, como o pensamento,
Cintilantes e límpidas,
Um desafio à tua ausência:
Uma , no fio, presa, triunfante, ficou.
Outras caíram na terra e secaram.
Mas, a que suspensa ficou
No fio do meu pensamento,
A brilhar, sem firmamento,
Uma estrela se tornou,
Dentro de mim.

Um vento leve sopra,
Acariciando-a com cautela,
Como se espreitasse o horizonte,
Indolente, cheia de receios,
Ela continua ao fio presa,
Vacila,
Demora,
Vai caindo,
No azul das distâncias,
Agora,
Indiferente à sofreguidão,
Desce nas suaves
Acetinadas dobras da saudade,
Desmaiando em meu coração.

Mel que canta na boca e inebria
Tua alma de criança madrugando.
São teus braços ao meu redor,
Que se vão fechando,
Estranho perfume
Desse calor distante,
Cheio de torpor,
São beijos brotando na boca,
Vivendo em teu corpo,
No chão plantado.

Longe, vai clareando,
Tal qual girassol sempre ,
A luz acompanhando
Irradia o teu amor,
Louco,
Que tive.
Estou sonhando,
Mas teu nome ainda soletrando.
Luandro
Enviado por Luandro em 24/11/2013
Reeditado em 25/11/2013
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