VELHO CARRO DE BOI
Saudosa infância... Nunca se esquece o tempo de criança
Pra nada existe distância...
Corre pra um lado e outro, atrás das correntes e carro de boi
Longe tempo se foi...
Na roça buscava o feijão, milho e arroz...
Num tinha tempo ruim, era Sol era Chuva lá no arto do morro a roda cantava avisando que o velho Juca pelas ladeiras chegava...
Época de colheita, também festa de São João
Lá na roça tinha sempre fogueira, catira, viola e violão!
Nunca fartava um par, sempre de dois as crianças vestia juta e chitão que era pra combinar com o São João!
Era lá, na roça do tio João Levino, bem ali pra dispoi do mato do Quintino e antes da Morada do Targino...
É... tempo velho que longe se foi...
Na lembrança a corrida gostosa de moleque, descarço, estilingue no pescoço, arcançava o Juca e seu carro com uma junta de seis bois, ele ia na frente sinalando, na corrida eu dava um sarto em cima do carro de boi, sentava nos sacos de arroz e dali as pedras cortavam a mata num alvo sem direção...
Alegria no rosto, na lembrança hoje já bem moço, ainda me lembro dos cantos da roda do velho Carro de boi
D’aquele homem barbudo, camisa de duas cor, carça pelas canelas, na cintura um facão...
O velho Juca cortava as estradas, como hoje a saudade me corta o coração...
Doce lembrança da vida do campo, a luta era dura... o tempo mais sofrido...
Mais os homens, os homens eram mais unido, duma fala uma prosa, dali uma roda, uma ciranda...
Hoje inté dá tristeza gente vai gente vem e ninguém conhece ninguém...
Saudades dos meus tempos de criança... Que lá distante se foi...
Saudades do velho Juca e de seu carro de boi!
Poesia in memória do Carreiro JUCA. autor: WALDEQUE LUIZ ROSA, poeta.