AO MEU PAI
AO MEU PAI
Distante da minha terra,
Bem longe do meu torrão...
Há quantos anos passados,
Arredei pé desse chão
E sempre que nele penso,
Sinto uma grande emoção.
Qualquer dia eu volto lá,
Acalenta-me o coração,
Em pensar voltar um dia,
As abas do meu sertão.
Por vezes fico à noite,
A pensar quando em criança,
Nas festas, terço e novena,
A buscar em minha andança;
Por veredas e caminhos,
Sem perder a esperança,
Que um dia em palavras versaria,
Histórias guardadas na lembrança,
Rimas herdadas do pai,
Dádiva divina, sublime herança.
Dedico a você meu velho,
Os versos que escrevo eu cá,
Lembrando dos seus afagos,
Quando estava eu lá,
Em minha rede deitado
E você, a me balancear,
Movendo os punhos da rede,
Encaixados no esteio de jucá,
Quantas saudades meu pai,
Das cantigas de ninar.
Aqui na minha varanda,
Olhando a chuva cair,
Os raios riscando o céu,
Os trovões se fazem ouvir.
Lembro minhas criancices,
E só, me pego a sorrir,
Sinto a presença de todos,
Saudade me faz sentir.
Oh! Senhor do universo
Que eu não parta, sem lá ir.
Feitosa dos Santos, A.
"Maio de 2003"