Uma Última Dose
Pinga,
Assim te quero a correr pelas ruas desviando dos perigos cambaleantes
Um gole a mais
Antes que eu perceba o seu fim
que me informem tontos a dose que encerra a embriaguez
És o elo que irrompe do dia cinza
Tornaste terna e colorida a existência
Quero acordar sob a sua suavidade doce
Dormir com seu corpo quente e destemido procurando conforto
Um gole a mais
Para que arrependa de minha abstinência
Que lembre que tê-la ao lado experimenta-me afeições
paternas
Faz-me enxergar graça na simplicidade das coisas
Rir das baratas e morcegos que tentam surpreender a noite
Superar obstáculos fabricados aos saltos
Gritar com transeuntes desavisados
Assustá-los
Fugiste por um tempo
Achei que ia arder em agonia
Quando te encontrei pulaste em meu colo e me abraçaste
És humana
Ninguém pode negar-te o estatuto da humanidade
Não nego que me transformaste bobo e simpático
Não me sinto só
Guardo você onde as memórias não evaporam como o álcool
Tenho a certeza de que estarás em meu sangue
Sempre