Em véspera de feriado
Entre pessoas e automóveis,
esbarrões e tropeções,
aquele olhar me chama...
Entre rostos e maus gostos,
religiões e repressões,
aquele olhar me chama...
Meninos pedindo um trocado...
-Meu relógio por um cigarro!,
suplica o desempregado.
Vejo a vida sob etiquetas
(O comércio rege a cidade),
vultos rápidos, silhuetas...
Uma estranha saudade...
Aquele olhar já não me fita,
foi-se em um piscar de olhos;
perdeu-se na multidão convicta...
A velha sensação esquisita
de nada ter começado,
de nada ter terminado...
Aquele olhar sequer me viu?
E eu fiquei assim cismado:
aquele olhar nem existiu?