VIDAS DE PESCADOR

O navio já não volta ao cais,

que já não existe para mais

nada; terra de assombros

e de mil e um escombros.

Há saudosos pescadores,

de mãos severas e às dores,

que foi a vida ao mar a sair,

para no fim peixe repartir.

Tinham na pele o sal do mar,

cobre e alva brancura, no ar:

na força da juventude, à ré,

devotavam vidas, à Santa fé.

Muitas lágrimas, lá ficaram,

por entre ondas, ajuizaram,

a pouca sorte que lhes levou:

quem, a família, sustentou.

Mas o trabalho prosseguia,

e, inda mal, raiava novo dia,

lançados os barcos às águas,

silenciosos, calavam mágoas,

e, remavam, a alto Oceano…

a remar, remos, mano a mano,

rapidamente desapareciam –

na manhã do outro dia se viam.

Então a alegria não continha,

ver os bravos, dar à Prainha,

com as redes cheias de peixe:

oh, minha vizinha: deixe, deixe!

E todos puxavam os batéis

com ritmo, ingerindo pastéis,

tenrinhos, da terrinha do mar,

e aí mesmo, o peixe amanhar.

É uma vida de luta e entrega,

feita por homens, de regra,

que amam o que fazem, o mar,

até que este os resolva levar.

Jorge Humberto

15/01/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 15/01/2011
Código do texto: T2731219
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