Saudade
És cruel, saudade. Triste, aflitiva a vemos
no entanto, te adoramos sentida
transporta-nos num instante da vida que temos
pra outras vidas que um dia tivemos na vida...
Remete-nos à alegria da infancia
a momentos obscuros da existência
quadro desbotado na parede fria da lembrança
se colore de pronto na tua quente presença!
És súbita. Vens sorrateiramente
surpreendes o coração displicente, incauto
te instalas veloz e incontinente
caprichosa, bota abaixo, leva ao alto.
És porém hospede assaz indispensável...
Que seria de nossa vida arrastada e vazia
sem dispor de teu arquivo inesgotável?
Sem buscar o consolo da tua companhia?...