O Amanhecer na Fazenda
Quando o galo da fazenda cantava no galinheiro,
o sol inundava a senda que findava no terreiro,
e abria uma fenda no matinal nevoeiro...
Os pássaros gorjeavam a saudar o novo dia,
as flores se debruçavam frementes de alegria,
e as águas desmoronavam em sonora melodia...
As palmeiras balançavam numa balada louçã,
suavemente embaladas pela brisa da manhã,
e as sabiás cantavam abrindo o peito em afã...
O carro de boi chiava pela estrada empoeirada,
a parelha caminhava no amarelo da estrada,
e o bem-te-vi arrulava chamando sua namorada...
E o verde matizado, caindo na encosta da serra,
se tingia de dourado e resplandecia na terra
do barranco avermelhado onde o caminho se encerra...
Desse enlevo matutino cheio de felicidade,
meu coração de menino chora hoje de saudade,
porque o rude destino me trouxe para a cidade...
Mas hei de um dia voltar à minha doce fazenda,
e hei de me embalar naquela saudosa senda
que a fria dureza urbana faz parecer mera lenda...