BIÊTE PRÁ MEU PAI JOÃO MOTTA - Poema Matuto - Matéria do Cantinho do Zé Povo - O Jornal de Hoje - NATAL-RN- Ed. de 07 de ago 2010

I

Papai, aí pru ôto lado,

Da vida, nêsse momento,

Vai meu agradecimento,

No verso, a você, eu vô.

A sodade, in meu poema,

Vai de carona, ao meu lado,

Lhe dizê: Munto obrigado,

Por tudo o qui me insinô.

II

Você me orientô,

Da mió fóima pussíve,

De manêra incorrigíve,

Derna d’eu criança, ôtróra.

Mais numa coisa, meu pai,

Qui você me insinô,

Certamente se inganô,

E isso, eu lhe digo agora.

III

Me insinô qui home num pode,

Chorá, dá o braço a trôcê,

Mode num dirmerecê,

Sua masculinidade.

Cum o tempo, eu aprindí,

Qui você, p’ru sê guerrêro,

No calibre do vaquêro,

M’iscondeu essa verdade.

IV

Pai, hôme qui é hôme, chora!

De emoção, de sodade,

De dô, de felicidade,

Ô p’ru num tê o qui qué.

De tristêza, de abandono,

Puro pêso de um castigo,

Pura ingratidão d’um amigo,

Puro o amô de uma muié.

V

Chôro faiz parte da vida,

Do nascimento inté à morte,

E só depende da sorte,

Papai, lhe digo a siguí:

Buscando a felicidade,

Seu fíi, lhe diz e resiste:

Mais vale um surriso triste,

Do qui num sabê surrí.

VI

Arreceba no seu dia,

A sodade, ais oração,

Do fundo do coração,

Meu verso de peito aberto;

E quando tivé cum sêde,

Vá no pote da sodade,

Pode bebê à vontade,

Do pranto do seu, Ruberto...

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 07/08/2010
Reeditado em 07/08/2010
Código do texto: T2423339
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