O TREM DA SAUDADE

O TREM DA SAUDADE

Quantas saudades eu tenho,

Do trem à lenha ou carvão,

Que passava entre os montes,

Enfumaçando o sertão,

Os olhos marejam em água,

Doe-me forte o coração.

Do gume da serra eu via,

Quando ainda bem criança,

Aquele cipó de ferro,

P’ra mim uma geringonça,

Deslizando sobre os trilhos

Renovando a esperança.

Lá vem ou lá vai o trem,

Gritava a criançada,

Subiam no ponto alto,

A margem de uma estrada,

O maquinista sorria,

Puxava a corda e apitava.

Os passageiros acenavam,

Enquanto o trem corria,

Chegava a primeira curva,

A máquina se escondia,

Os carros iam sumindo,

Só a fumaça se via.

Hoje lembro com saudade,

Dessa remota lembrança,

Dos trilhos resta escombro,

Onde havia esperança,

Amo tudo o que aprendi,

No meu tempo de criança.

Rio, 29/04 2010

Feitosa dos santos