INSANA SAUDADE
Perdida com sobras de mar no olhar
andei até que meus pés
ficaram ausentes...
Convidei pássaros
para que voassem comigo
como escolta do meu planar calado...
Procurei um unicórnio
e segredei-lhe meus medos
dos dias sem horas...
Recordei um amor malfadado,
fiz uma cascata para desaguar
a falta e o desalento...
Fiz fogo para aquecer meu lamento
para fundir minha fugida lágrima
no intenso calcinar da areia...
Depois sentei-me à beira do mundo
para esboçar um bote mirante
virado ao nascente...
Sentir este magoar que me fala
da solidão que não se evapora ...
Fica aqui condensada e rala
uma saudade insana!