O HERÓI DO PARAGUAÇU

(Ao navio Maragojipe)

Parte no crepúsculo

E retorna no poente;

A despeito do homem sem escrúpulo,

Apesar do sistema indecente;

Flutuando nas águas do Paraguaçu,

Oferecendo a quem quiser seu bordejo;

Levando a moça do beiju

E o velho mercador de caranguejo;

Até hoje ainda chora,

A grande e fatídica desgraça;

A morte da companheira de outrora,

A saudosa Maria fumaça;

É o sonho da menina inocente,

Desejo do rapaz sonhador;

Esperança da moça descontente,

A saudade do mancebo desertor;

Um dia parti consigo no crepúsculo,

E não retornei no poente;

Conheci o homem sem escrúpulo

E fui tragado pelo sistema indecente.