ESPETÁCULO DIVINAL

Neste lugar horripilante, aqui do pátio,

estou encantado com o beija-flor e seu voo magistral,

a sugar o néctar das flores no mamoeiro;

com os rasantes dos bem-te-vis a devorar insetos,

participando ativamente desse ecossistema,

seu canto é tão belo;

com o rouxinol cauteloso, atento,

a programar seu voo antecipadamente,

em nada se precipitando,

o som musical que ele faz ecoar é inebriante;

com os pardais a cantarolar na maior algazarra,

são eles que me despertam para o novo amanhecer.

Do mesmo modo, estou enfeitiçado

com a magia da variedade das cores nas borboletas,

com cada estágio do crescimento das hortaliças...

As fragrâncias das flores impregnando o ar que respiro,

e com a placidez do farfalhar da brisa nas folhas.

Mas é ao anoitecer,

atrás dessa grade da janela de ferro fria,

nesse cubículo sem vida,

estou fascinado com a dança das nuvens,

com o céu estrelado...

com o planeta Vênus...

com a luz penetrante do luar...

tudo contribuindo para a vitalidade de minha alma.

São tantos os prodígios nesse espaço tão pequeno.

Mas o mais de todos esses acontecimentos extraordinários

é a tua lembrança, vez outra,

a penetrar e permanecer um longo tempo na minha mente;

sem ela, tolerar os momentos de solidão nefasta,

é como suportar uma tormenta constante.

Ah! Se eu pudesse enxergá-la próximo,

mesmo que num relance,

seria um fascínio para meus olhos

e alívio para o meu espírito ansioso.

Saberia como me comportar,

prometendo desde já,

nunca revelar um nada da felicidade que sinto,

sob o impacto de observá-la,

mesmo que casualmente.

A sonoridade do seu nome é também muito bela.

Preta!