ALÉM DO HORIZONTE

Aprendi desde criança

na barra da saia de minha mãe tias e vizinhas

que traição é pecado é desacato é des respeito

quando o assunto não era a traição do fulano

elas trocavam receitas de bolos e doces

não trocavam experiências

não falavam de sexo

não falavam de vida

eram mal amadas bem arrumadas e des amadas

sec as como uva passa sem cheiro como fruta de véspera

sem graça na alma

a traição dos homens as consumiam e se orgulhavam

da própria fidelidade

e nessa prisão sem sol sem ar sem água

elas iam murcha n d o

não percebendo que o tempo passa

perdendo o viço do olhar do andar

nunca entendi porque tanto peso à traição

talvez porque lhe dessem o seu devido valor

só que um valor ao contrário

no fundo sabiam que além do horizonte não há abismo

nem morte

mas v i d a calor e sorte

hoje eu traio o meu amor e é quando eu mais amo o meu amor

não é amor de culpa é amor de saudade amor de afeto

é quando vejo o que ele tem de melhor e não o culpo do des afeto

não o culpo de seus defeitos

vou pra lá para além do horizonte e volto inteira

renovada

volto bem humorada

volto em paz

volto mulher

fêmea no cio

sem perceber me libertei

furei o cerco

não repeti a história a n c e s t r a l.

Telma Da Costa
Enviado por Telma Da Costa em 26/06/2009
Reeditado em 26/06/2009
Código do texto: T1668341